HD #003 – A Morte da Internet

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A Morte da Internet

Até 2030 a internet estará morta, não por causa de alguma guerra ou porque alguém puxou um cabo submarino e cortou a internet, mas porquê 99% de todo o conteúdo gerado da internet será feito por IAs e robôs, de acordo com as previsões do futurista Timothy Schoup, do Copenhagen Institute for Futures Studies.

O próprio Google anunciou que está mudando seu algoritmo para ranquear melhor páginas não escritas por IAs ou que não pareçam terem sido automatizadas. Estão tentando tirar páginas que, nas palavras do Google “feel like they were created for search engines instead of people.“

Existe uma teoria conspiratória chamada Dead Internet Theory, criada por volta dos anos 2020, percorrendo alguns fóruns da internet como o 4chan e Wizardchan.

Basicamente essa teoria afirma que tudo hoje na internet é criado por robôs e de que esses robôs estão à mando de países(EUA especialmente), grupos políticos, corporações, entre outros atores para que possamos ter alguma visão distorcida da realidade e nos manipular.

A verdade é que os robôs sempre existiram. Onde existe dinheiro, existe robô.

Você já deve ter visto imagens de algumas fazendas de celulares tomando alguma ação automatizada, como essa abaixo. Existem fazendas de views para Youtube, de plays para o Spotify, fazendas de cliques e views para ads, fazendas de views e até fazendas de conteúdo.

Os robôs trabalham 24 horas, 7 dias da semana. Existem serviços que você compra, usuários, likes, views, para qualquer rede social. O próprio Elon Musk, quando comprou o Twitter, admitiu que existiam muitos bots na plataforma e que sua prioridade seria eliminar as contas fakes.

As plataformas lutam contra esse tipo de ação automatizada, não só porque custam dinheiro, mas porque tira credibilidade da própria plataforma e enviesam seus algoritmos.

O New York Times produziu uma excelente matéria em 2018 sobre o rentável mercado de fake views para Youtube. Um dos entrevistados, um rapaz que mora no Canadá, admite ganhar 30 mil dólares por mês, ter comprado sua casa e seu carro em um ano e meio.

Mas por que as pessoas pagariam por isso, fake views? Para poder ranquear melhor, para ter uma chance de seu vídeo ou música ficarem no topo, assim como nos anos 80 e 90, os próprios cantores ligavam para as rádios fingindo serem fãs, pedindo a música

No final de 2023 foi criada uma rede social somente para robôs de IA, para que os robôs possam conversar entre si. A rede, chamada OnlyBots, permite que você crie seu bot (robô) para interagir na rede, estilo X(Twitter).

O que será da Internet?

Aquela internet que no início era apenas para troca de informações militares, pesquisas de faculdade e depois para entusiastas de informática e de seus assuntos.

Aquela internet em que blogs eram realmente de opinião e não para apenas vender e fazer “inbound marketing”.

Essa internet acabou…

Quando do lançamento da Sora, a IA que gera vídeos de mais de um minuto da OpenAI, com qualidade e físicas surreais, fiz um post questionando que chegaremos a uma época em que não sabemos o que é real ou o que é artificial.

E um dos comentários foi que já estamos vivendo um mundo bastante artificial.

O argumento era de que tudo que vemos na TV ou na internet soa como fake, programas, reality shows, até jogos de futebol estão inundados por casas de apostas, influenciando resultados.

Se até 2030 quase tudo será gerado por computadores e IA, como reagiremos e sobreviveremos à esse mundo totalmente artificial?

Uma das minhas apostas será conteúdos originais criados por pessoas reais, talvez com o auxílio da inteligência artificial, mas conteúdos de pessoas reais que vivem vidas reais “lá fora”. Conteúdos criados artesanalmente por pessoas humanas (não acredito que preciso escrever isso).

Não de avatares digitais, contando histórias as quais eles nunca viveram e dando conselhos sobre coisas que nunca viram (como o bot de conselhos amorosos do OnlyBots).

Será que estaremos prontos para viver esse mundo ou esses vários simulacros e chamaremos isso de Metaverso?

4 Fontes para quem gosta de se aprofundar:

1. New York Magazine – How Much of the Internet Is Fake? Turns Out, a Lot of It, Actually;
2. The New York Times – The Flourishing Business of Fake YouTube Views;
3. Wikipedia – The Dead Internet Theory;
4. Gizmodo – Google Google Says It’s Purging All the AI Trash Littering Its Search Results.

Sthéfano Cordeiro é LinkedIn Top Voice e Coordenador de Transformação Digital no Banco do Brasil. Possui mais de 10 anos de experiência em tecnologias emergentes como Blockchain, Web3, 5G/IoT e IA, dentro setor financeiro.